Nesta segunda-feira (31) é celebrado o Dia Nacional das Reservas Particulares do Patrimônio Natural, as RPPNs, e a Estação Veracel e a Rio do Brasil destacam a importância de ampliar as ações em sinergia entre as mais de 1.700 RPPNs brasileiras para um trabalho efetivo de proteção e conservação da biodiversidade do país. As RPPNs também registram a data reforçando a necessidade de consolidação de corredores ecológicos entre as RPPNs e demais fragmentos de área nativa para ampliar os espaços de circulação dos animais que são grandes dispersores de sementes.
Desde 2017, a Estação Veracel e a Rio do Brasil, ambas RPPNs localizadas na Costa do Descobrimento, na Bahia, trabalham diversas ações em conjunto que colaboram positivamente com a conservação ambiental no território. Um exemplo é o projeto observação de aves, realizado também em parceria com o PARNA do Pau Brasil e o Refúgio de Vida Silvestre Rio dos Frades do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), que aproximam as comunidades da natureza com atividades educacionais em prol da conservação ambiental e da observação da natureza. As reservas fazem parte do ConBio, uma rede de pesquisa, juntamente com outras unidades de conservação e várias instituições de pesquisa para o compartilhamento de informações acadêmicas que contribuem para a conservação ambiental.
“A sinergia entre as RPPNs é importante, pois o trabalho em parceria ajuda a dar escala e robustez às nossas ações. É muito mais eficiente em termos de recursos financeiros, humanos e em resultados”, destaca Cleiuodson Lage, conhecido como Peu, gestor Administrativo e Operacional da Reserva Rio do Brasil. “Além disso, trabalhar com outras reservas nos ajuda a olhar a problemática com outros olhos e outras experiências, o que agrega bastante para a tomada de decisões mais de acordo com a realidade local”, acrescenta Peu.
“As RPPNs possuem um papel estratégico e muito bem-sucedido como áreas-chave para a proteção e estudos da biodiversidade em diferentes regiões de nosso país. Contudo, ninguém consegue fazer nada sozinho, e é extremamente importante que, cada vez mais, as RPPNs unam seus trabalhos e esforços pensando em um contexto de território, como no caso das ações em sinergia que executamos com a RPPN Rio do Brasil aqui na Costa do Descobrimento”, afirma Virginia Londe de Camargos, coordenadora de Estratégia Ambiental e Gestão Integrada da Veracel.
“Além da importância da ampliação dessas ações em sinergia, outro ponto fundamental no trabalho das RPPNs é serem unidades na paisagem que devem ser consideradas para a formação de corredores ecológicos interligando fragmentos naturais e proporcionando a circulação da fauna silvestre, garantindo assim a troca genética entre as espécies e mantendo a biodiversidade existente na região”, complementa Virginia.
Os corredores ecológicos são faixas de vegetação que promovem a conexão entre áreas fragmentadas isoladas, podendo ser áreas de conservação ou RPPNs, sendo espaços necessários para o deslocamento de animais na paisagem, auxiliando no fluxo gênico e na dispersão de sementes entre essas áreas, além de ajudar a evitar que os animais passem perto de comunidades, áreas de criação de gado e rodovias.
As RPPNs Estação Veracel e Rio do Brasil também são parceiras de iniciativas que visam à formação desses corredores, como o Projeto do Corredor Ecológico entre a RPPN Estação Veracel e o Parque Nacional do Pau Brasil que, consequentemente, também se conecta à Rio do Brasil, uma vez que ela faz limite com o Parque Nacional do Pau Brasil. Estes fragmentos naturais de tamanho expressivo de Mata Atlântica são altamente preservados na região da Costa do Descobrimento. Dissertações acadêmicas e estudos recentes indicam que a implementação do corredor entre as duas reservas é viável e altamente recomendável, uma vez que dará aos animais a oportunidade de se deslocarem entre elas e aumentar suas populações.
A criação do corredor também é uma medida importante para a conservação de espécies ameaçadas e para apoiar o trabalho realizado pelas RPPNs também no sentido de serem espaços viáveis para realização de observação de aves e para caminhadas ecológicas dentro do corredor, que proporcionem atividades de educação ambiental para proprietários rurais e comunidades vizinhas. Estas ações podem inclusive gerar renda para estes proprietários em forma de turismo sustentável!
Outro corredor que está em fase de viabilização conecta a RPPN Rio do Brasil ao Refúgio de Vida Silvestre Rio dos Frades, que fica na beira da praia, em Trancoso.
Segundo explica Peu, a maioria das RPPNs na região de Porto Seguro estão no entorno do Parque Nacional do Pau Brasil. Portanto, conectar o parque como fragmento principal a outros menores que estão nas suas adjacências é extremamente importante para o trabalho de preservação de todas as reservas e fragmentos da região. “Além disso, as RPPNs que possuem programas de conservação bem estruturados, como a Estação Veracel e a RPPN Rio do Brasil, já têm trabalhado há muito em um contexto territorial. Assim, integrar os fragmentos da região com corredores como o Corredor Estação Veracel x PARNA Pau Brasil e o corredor Rio do Brasil REVIS Rio dos Frades tem sido um objetivo constante como RPPNs”, afirma o gestor administrativo.
Sobre a Reserva Rio do Brasil
Localizada no município de Porto Seguro, distrito de Trancoso, extremo sul da Bahia, na região conhecida como Costa do Descobrimento e inserida no Corredor de Biodiversidade Central da Mata Atlântica, a RPPN Rio do Brasil conserva preciosos 975 hectares de remanescentes de uma das florestas tropicais mais exuberantes e biodiversas do planeta. A reserva abriga espécimes da fauna e flora ameaçados de extinção a nível nacional e global, contando ainda com a presença de animais que só existem na mata Atlântica.
A RPPN Rio do Brasil está inserida na região conhecida como o berço do território nacional, pois é uma das áreas mais antigas de ocupação e povoamento da Bahia e do Brasil. O nome da reserva é uma referência ao período do descobrimento quando o Rio da Barra, principal rio que atravessa a propriedade, foi batizado com o nome de Rio do Brasil, primeiro rio batizado no Brasil o nome aparece no primeiro mapa elaborado, em 1502, pelos portugueses para a América do Sul, denominado “Planisfério de Cantino” (Pereira, 1988).
No inventário de fauna da RPPN Rio do Brasil foi possível registrar 502 táxons, sendo 105 de invertebrados e 397 de vertebrados. As espécies de vertebrados podem ser divididas em 24 peixes, 43 anfíbios, 37 répteis, 248 aves, e 45 mamíferos. Entre toda a fauna descrita no inventário foi verificado que pelo menos 86 espécies são endêmicas da Mata Atlântica, sendo destes 82 de vertebrados e 04 de invertebrados. É importante salientar que 17 espécies (todas de vertebrados) constam na lista de animais ameaçados de extinção.
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