Quando fundada em 2013, a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) apostou nos Bacharelados Interdisciplinares (BI) como porta única de entrada para graduações lineares como Direito e Medicina. O modelo, até então inédito na Bahia, não deixou de preocupar os navegantes de primeira viagem. A Universidade Federal do Sul da Bahia tem campus localizados nos municípios do sul do estado, como Porto Seguro, Itabuna e Teixeira de Freitas.
No próximo semestre, o primeiro de 2018, a unidade de ensino voltará a apostar em um modelo inovador. Além de reservar 75% de todas as vagas nos cursos de graduação, lineares ou BI, a UFSB também se consolidou como a primeira universidade a disponibilizar cota para homens ou mulheres transexuais em cursos de graduação. “A população trans sempre foi marginalizada”, comentou a reitora da universidade, Joana Angélica Guimarães da Luz sobre o que levou a UFSB a criar a nova modalidade de cotas. “O que entendemos é que pessoas trans precisam ter acesso a políticas públicas para ter voz.
Por esta razão estamos oferecendo condições para essas pessoas possam se mobilizar, dentro do espaço da universidade. O impacto vem para que não tinham perspectiva”, destacou a reitora. A professora explica que cada turma de graduação dentro da UFSB ganhou uma vaga supranumerária, ou seja, um lugar extra para receber a nova modalidade de cotistas.
Essa reserva só é acionada quando não há representantes trans entre os selecionados, como ocorre no caso de cotas para indígenas e quilombolas. O modelo, inédito para as universidades brasileiras que já contavam com algumas cotas para trans em cursos de doutorado e mestrado, passa a funcionar para todos os cursos da UFSB no próximo semestre.
Para concorrer às vagas reservadas, a candidata ou candidato deve se declarar transexual, travesti ou transgênero. Uma comissão dentro da universidade fica responsável por avaliar possíveis fraudes no sistema de autodeclaração, que também garante vagas para pretos e pardos. “É uma questão que acontece no Brasil inteiro.
Sempre temos problemas de fraudes e denúncias que apontam o uso de cotas por pessoas que não deveriam ser cotistas”, indicou a reitora da UFSB. “Para avaliar a questão, criamos uma comissão para verificar os casos denunciados ”, completou. Transexuais, travestis e transgêneros podem concorrer as vagas em cursos como Direito, Biologia, Engenharia Florestal, Medicina, Psicologia e História, além dos obrigatórios cursos interdisciplinares.