O Museu de Arte Sacra da Misericórdia, em Porto Seguro (BA), inaugurou neste sábado (09/03) a exposição “São Benedito: o santo negro de Porto Seguro”. Instalada na secular Capela de São Benedito, na Cidade Alta, a mostra conta a história do frade negro e da devoção local ao santo franciscano. A exposição conta com o apoio da Paróquia Nossa Senhora da Pena e da empresa Veracel Celulose.
O acervo exposto é composto por fac-símiles de documentos históricos e de fotografias antigas dos festejos e da igreja, além de três imagens de São Benedito datadas dos séculos XVIII e XIX.
A exposição ficará aberta ao público até o dia 8 de abril de 2019, com visitação das 9h às 14h, todos os dias da semana. A entrada é franca.
A Capela de São Benedito fica na Rua Dr. Antônio Ricaldi, no Centro Histórico de Porto Seguro.
OUTRA HISTÓRIA
A exposição “São Benedito: o santo negro de Porto Seguro” é resultado de um projeto de pesquisa e extensão financiado pelo Programa Afirmativa da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
A equipe, coordenada pelo professor Francisco Cancela, composta por bolsistas cotistas do Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias do Campus XVIII, em Eunápolis, desenvolveu pesquisa nos arquivos do IPHAN, da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e no Arquivo Público da Bahia, além da análise iconográfica do acervo do Museu de Arte Sacra e de entrevistas com moradores mais antigos da cidade.
O objetivo da exposição é proporcionar um espaço temporário de valorização da memória da cultura religiosa de Porto Seguro, reconstruindo narrativas, reproduzindo imagens e reafirmando personagens que reivindicam a presença e a participação da população negra na formação da cidade.
DEVOÇÃO
Curador e coordenador do Museu, o historiador Francisco Cancela explica a existência da devoção a São Benedito em Porto Seguro como a comprovação da presença e da contribuição da população negra na formação da sociedade portossegurense.
“Historicamente, os santos negros foram instrumentos estratégicos para a Igreja realizar a catequização dos escravizados. Mas a forma como os negros cativos e os seus descendentes se apropriaram e ressignificaram as virtudes e as atribuições dos santos negros produziram novas narrativas e experiências no campo da religiosidade”.
Segundo o professor, a intensão da curadoria do Museu “é reivindicar exatamente essa outra história que revela como os negros, desde o período colonial, encontraram na devoção a São Benedito um lugar de solidariedade, de sociabilidade e de fé”. Destacou.